“Você fica aí, sentada, esperando que alguém chegue e mude a sua vida e esquece que você mesma pode fazer isso. Você mesma pode mudar a sua vida da noite pro dia, você mesma pode se fazer feliz. Daí você se encontra com uns dezenove anos sentada na calçada olhando pra cada carinha que passa dentro do carro pensando “e se aquele ali era o amor da minha vida?”, passa a vida toda procurando lá no horizonte um cara que te fará feliz, fará você conhecer seus amigos mais legais que os seus, um cara pelo qual vale a pena fazer o que você tá fazendo: parar sua vida, apertar a tecla stop, pra ver se o bonitão decide aparecer. O problema é que você nunca olha pros lados, nunca vê o garoto que te olha e já suspira, que te chama de linda mesmo quando você tá uma bagunça. Não vê por que? Por que tá aí sentada esperando a felicidade chegar quando você não consegue se dar conta que a felicidade não vai te procurar, não vai bater na porta, você é que vai ter que tomar vergonha na cara, levantar e apenas deixar as coisas acontecerem. Não vale a pena correr pra rua no horário de saída do colégio pra ver se o amor da sua vida vai te conhecer ali, por que isso não vai funcionar. Aposto que a vida, só pra te contrariar, vai te fazer conhecer o amor da sua vida de um jeito bem maluco, num lugar aleatório, talvez ele até seja amigo daquele menino gato que você e todas as meninas da cidade são afim. Um dia qualquer você vai tá escutando sua música favorita, vai tá mexendo no celular e tromba com um menino do sorriso tímido mais lindo que Deus podia desenhar e talvez nem reconheça que esse sim é o amor da sua vida. Você cresce, amadurece e vê que não adianta procurar em cada menininho o homem que você tanto almeja ter. É coisa de cinema, mas o cara da sua vida vai chegar de um jeito meio maluco, talvez você até escute uma voz divina dentro de si dizendo: Esse aí é o homem da sua vida. Aí sim, aí sim você pode correr atrás. Daí a uns três anos você revê aquele menino que você esbarrou no supermercado, nem percebe que ele não tira os olhos de você. Se esbarram “acidentalmente”, trocam telefone, se encontram e percebem que a vida toda eles passaram procurando alguém que os mudasse, passaram a vida inteira criar a situação perfeita para conhecer alguém por ali, naquela situação, a história de como se conheceram seria demais, mas a vida te surpreende, te dá um tapa na cara, e te faz conhecer o homem da sua vida sendo atropelada por ele, sendo ele o carinha da faculdade que todas as mulheres são afim mas que você tem repulsa. Você passa a vida toda procurando o amor da sua vida, criando situações “perfeitas”, daí vem alguém que você nunca sonharia em um milhão de anos fazer você se sentir como se sente e se mostra o cara. O cara, o amor da sua vida. Aí sim, ai você vai sentir todos aqueles sintomas idiotas de “cara, to apaixonada”, vai sentir frio na barriga e uma pontinha de ciúmes toda vez que ele disser que tava com fulaninha fazendo sei lá o que, sentirá aquele friozinho na barriga quando o “vemk” virar “to chegando aí”, verá como é bom não ter que beirar os vinte anos procurando o amor por que ele, com toda sua beleza, já te encontrou. Aí sim você vai poder dizer que nem em um milhão de anos pensou que conheceria o amor da sua vida de tal forma e vai cair na gargalhada contando a história de como seus olhares se cruzaram e você sentiu que sua vida começou a ficar bagunçada a partir dali. Você não precisa de menininhos, garotos ou homens para ser feliz. Você precisa de amor próprio e o amor da sua vida. O amor próprio pode tratar de achar dentro de si, e o cara certo, o amor da sua vida, o tempo trará. Com data marcada o amor da sua vida chegará, até lá, prepare-se para todos os sintomas de paixonite e trata de ser feliz sem sair maquiada até pra ir na padaria por que o amor da sua vida vai te amar ainda mais assim, toda atrapalhada, de unha mal descascando, de manhã cheia de orelhas, de coque, indo comprar pão pra princesa que tá dormindo no quarto ao lado. O amor da sua vida vai te amar e te achar a mulher mais linda do mundo até de pijama as três da madrugada.”